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  • Foto do escritorJuliana Dias

VAMOS REFLETIR SOBRE NOSSA TRAVESSIA INTERNA NESSA PANDEMIA?

Por um novo mar


Observação e pensar são os dois primeiros passos para qualquer processo de consciência crítica.

A observação liga o perceber aos sentidos. Se apenas nossas percepções despertam nossas ações, temos o impulso impensado como força motriz que guia nosso jeito de viver.

Com a reflexão, unifico o que percebo com meu pensar e elaboro conceitos. Esse caminho do pensar não pode se desenrolar sem a minha participação. O caminho da percepção sim. O processo de observar e perceber se desdobra independente de mim.

Mergulhamos todos e todas na onda mais recente do mar da humanidade: a crise da saúde.

Se eu permaneço estática apenas ligada às minhas percepções, sou embaralhada nas águas dessa onda. Olho pra ela crescendo perto de mim e me vejo pequena, paralisada... meu sentir se perde e meu querer enfraquece. Perco a minha prancha, que é minha consciência. Abro mão dela ao ver as outras pessoas perto de mim, a deriva também... estou entregue à desistência do meu próprio ‘eu’, no mar da inconsciência coletiva.

Quando uso a linguagem apenas para falar impulsivamente sobre o que percebo, para reclamar, para expressar pessimismo ou medo perco forças e me afasto do futuro. Fico enganchada naquele buraco do mar junto com toda parte da humanidade que abriu mão de sua forma humana, incluindo alguns de meus ancestrais. Me enganchei. Essa linguagem é a linguagem mais inautêntica possível. É balbucio.

Se retomo a trajetória do surfista autêntico, só poderei surfar ao encontrar o movimento da grande onda e olhar para dentro de mim mesma, em corajosa e disciplinada busca dos meus próprios movimentos, meus 'tsunamis' interiores. Não tem outro caminho para a emancipação da consciência.

Ao me separar da natureza, ao me apartar dos meus irmãos e irmãs, ao enterrar minha ancestralidade e ao abandonar a minha descendência dentro da alma, eu guardei em mim alguns elementos da própria natureza, da própria humanidade naquilo que ela tem de mais genuíno. Eis o segredo.

Olho a onda, pego a prancha e surfo de pé com a luz da minha consciência integrada com a escuridão do meu eu. A escuridão se intensificou, a luz se sutilizou.

Agora sim, posso me perguntar, por que a onda paralisante está alimentando um clima de desespero, de pessimismo e de calamidade? Para surfar essa onda, como posso unir minhas percepções às minhas experiências anteriores, dentro e fora de mim? Quando foi que acessei esses sentimentos dentro de mim, na vida íntima e silenciosa do meu ser? Quando senti medo de tudo acabar? Olho para meus ancestrais e pergunto: quando foi que os que vieram antes de mim viveram ondas assim? Como surfaram? Sucumbiram?

Com meu pensar acordado eu me recuso a sucumbir ao medo; com meu sentir aberto, eu respiro a esperança no meu centro e vejo a onda do tamanho que ela é e não como querem que eu a veja nos canais de comunicação. Com meu querer desperto, eu não desperdiço o poder criativo da linguagem em mero mecanismo de repetição impulsiva, eu não me coloco a serviço de uma ação inconsciente, eu não me lanço ao mar da ignorância.

Pensar, sentir, querer: traço a minha trajetória de surfista da consciência.

“As coisas que vivenciamos se convertem assim em enigmas, em tarefas.”

Juliana Dias

(inspirada em Rudolf Steiner em Filosofia da Liberdade

e em Jonas Bach em Espírito de Surfista)


E você? Como se sente? Escreve e compartilha com a gente!



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